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Setor retoma exportações de celulose em março

Reportagens | Reportagem Bracelpa | 01.05.2009




O tom de otimismo voltou às mesas de debate do setor brasileiro de celulose e papel, em abril, com a divulgação dos resultados de março. Até mesmo o presidente Luiz Inácio Lula da Silva, durante as comemorações dos 110 anos da Klabin, em Telêmaco Borba (PR), discursou de forma positiva sobre o futuro das empresas brasileiras e instigou os empresários do segmento a serem arrojados e aproveitarem as terras degradadas existentes no País para novos reflorestamentos. “Nós temos 60 milhões de hectares para arborizar neste País, fazendo uma verdadeira revolução de florestamento e tornando o Brasil, definitivamente, o maior produtor de papel e celulose do mundo. Isso pode ser alcançado em pouco tempo”, afirmou o presidente.

Os fabricantes nacionais voltaram a registrar alta nas vendas de celulose para a Ásia e a América do Norte, com aumento de exportações nas duas regiões. De acordo com Elizabeth de Carvalhaes, presidente executiva da Bracelpa, houve um aumento “expressivo” nas vendas de celulose, que saíram de um patamar de 642 mil toneladas mensais, em março do ano passado, para quase 923 mil toneladas em março deste ano.

Em relação à crise, tudo indica que os momentos mais difíceis já passaram. Ainda em seu discurso, o presidente Lula disse que o Brasil passará melhor este período do que outros países, como os Estados Unidos, pois os fundamentos da economia brasileira estão sólidos, existem reservas em potencial para garantir as exportações e um mercado interno ávido. Além disso, foi específico sobre a importância do setor de celulose e papel para a economia nacional e se mostrou otimista com a produtividade brasileira: “Vi uma plantação enorme de pínus e eucalipto, misturada com florestas naturais. Estamos diante de uma floresta de bobinas de papel, e eu espero que possamos encher a China dessas bobinas, assim como os Estados Unidos e a Europa, porque eu acho que é o momento de o Brasil ser mais ousado neste setor”.

No final do ano passado, a China foi uma das grandes responsáveis pela queda nas vendas, quando parou de comprar commodities, entre as quais a celulose. Agora, em março, o país foi o pivô do crescimento nas exportações. “A China aumentou em 128% sua demanda por celulose brasileira. Em números totais, passou de 296 mil toneladas compradas no primeiro trimestre do ano passado para 675 mil no acumulado de janeiro a março de 2009”, disse Elizabeth.

A executiva da Bracelpa aponta uma interessante constatação após o início da crise: a geografia da demanda mundial também sofreu alterações. A Europa, até então, sempre figurou como a maior compradora de celulose brasileira, posto agora ocupado pelos chineses. “É a primeira vez na história que isso acontece”, explica Francisco Saliba, diretor de Negociações Setoriais da Bracelpa. “Isso se deve ao fato de que a China está reposicionando seus níveis de estoque e também substituindo a produção local. Atualmente, os países asiáticos são responsáveis pela compra de 38% da celulose brasileira exportada, ficando a Europa com 35% e os Estados Unidos com 16%.

Os volumes de exportação de celulose no primeiro trimestre de 2009 já são mais altos que os obtidos no mesmo período do ano anterior. “Esse resultado é bem representativo, pois no acumulado de janeiro a março crescemos 11,2% em comparação a 2008”, diz Saliba.

No momento, a principal dificuldade para uma recuperação total das empresas continua sendo o preço. Nos piores momentos da crise, o valor da tonelada de celulose caiu cerca de 40%, ficando abaixo de US$ 500. Nesse cenário, a receita de exportações do setor no primeiro trimestre apresentou queda de 12% para a celulose e de 18% para o papel. “Essa situação está prestes a mudar, pois já é possível tratar de aumento de preços nas negociações da matéria-prima, o que pode favorecer os resultados das empresas brasileiras neste ano”, acredita Elizabeth.

“É importante ressaltar que as empresas do setor não estão paradas. Neste momento, buscam racionalizar ao máximo seus custos e maximizar os resultados, ou seja, mais sinergia e eficiência. Tudo isso aparecerá em resultados futuros”, diz Elizabeth. Também é importante destacar que o setor continua com grande participação no saldo da balança comercial brasileira, responsável por 28% do superávit neste trimestre. “Estamos recuperando o fôlego, e o resultado no período é muito bom. Isso reflete o esforço das empresas para manterem as operações, mesmo com os preços menores.”

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