Voltar   

Acordos entre países dão impulso às exportações

Reportagens | Reportagem Bracelpa | 01.06.2009




As negociações internacionais hoje não são mais regidas apenas pelo interesse particular de uma empresa. É preciso participar ativamente dos acordos de mercado firmados por governos com países e blocos comerciais – no caso do Brasil, o Mercosul – e saber de que forma é possível tirar proveito das vantagens conquistadas ou, ainda, avaliar a entrada de concorrentes em uma área essencial para os produtores nacionais. Para garantir uma atuação positiva do setor de celulose e papel neste campo, a Bracelpa ampliou, há cerca de um ano, a atuação nas negociações comerciais, levando os interesses dos associados para a esfera governamental e, em alguns casos, trabalhando pleitos específicos de grupos de empresas.

A mais recente negociação internacional com participação da Bracelpa, assinada em 30 de abril com a Argentina, teve como objeto a exportação de papel de imprimir e escrever. “Enquanto alguns segmentos estão sofrendo forte resistência dos argentinos, o setor conseguiu renovar o acordo, que venceria em 30 de setembro, por mais dois anos, mantendo a cota máxima de exportação do Brasil em 50 mil toneladas desse papel por ano, sem cortes”, explica Francisco Saliba, diretor de Negociações Setoriais da Bracelpa.

A importância de uma associação setorial forte é crucial para que os interesses do Brasil sejam mantidos. No caso da renovação do acordo com a Argentina, a negociação foi feita, primeiro, entre as associações do setor – Bracelpa e Asociación de Fabricantes de Celulose y Papel (AFCP) –, que definiram entre si os termos do novo documento, depois chancelados pelos respectivos governos. “Este é um setor de capital intensivo, no qual os investimentos são muito altos, por menor que seja o projeto. Os acordos permitem fazer projeções, para que tanto os brasileiros como os argentinos invistam na busca de qualidade permanente e, também, possam competir em igualdade de condições”, afirma Osvaldo Vassalo, presidente da AFCP.

Também ficou estabelecido que as exportações brasileiras de papel de imprimir e escrever não serão incluídas em nenhum regime de licenças não automáticas de aprovação, medida adotada recentemente pelo governo argentino. “Isso significa que todos os dados aduaneiros são preenchidos via internet e não é preciso ficar à espera de autorização para a comercialização, que, em muitos casos, supera 60 dias”, conta Saliba. Além disso, durante as negociações a Bracelpa exigiu, de forma explícita, que a nação vizinha controle as importações de papéis da China e Indonésia, que muitas vezes são negociados a preços abaixo do mercado.

Na maioria das negociações a busca por mercados internacionais envolve medidas já discutidas por blocos econômicos ou acordos já estabelecidos entre países. Por conta disso, a Bracelpa participa ativamente da Coalizão Empresarial Brasileira (CEB), criada pela Confederação Nacional das Indústrias (CNI) para incentivar a participação do empresariado nas estratégias brasileiras de inserção internacional. “É essa entidade que nos direciona e dá informações sobre novos acordos ou revisões, dialogando com as associações setoriais em busca de consenso”, diz Elizabeth de Carvalhaes, presidente executiva da Bracelpa.

De acordo com Eliane Fontes, diretora do Departamento de Negociações Internacionais do Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio (MDIC), nenhum país tem, hoje, condições de negociar acordos de forma isolada, já que integram blocos comerciais. “Isso traz suas complicações, já que a sensibilidade do Brasil à entrada de produtos é diferente da do Uruguai e do Paraguai, por exemplo, no caso dos participantes do Mercosul”, diz.

A diretora afirma que a CEB tem feito um trabalho muito bom ao definir a posição brasileira no mercado externo e que associações como a Bracelpa têm sido muito atuantes na busca de um maior diálogo entre o governo e as empresas. “Esses acordos ampliam as opções de entrada de bens e serviços brasileiros em outros países, mas é preciso que cada setor fique atento, pois, em contrapartida, o Brasil terá de ampliar o acesso ao seu mercado. Também é necessário que as empresas tenham conhecimento pleno do que é negociado, para poderem aproveitar todas as vantagens,” reforça Eliane.

Leia o artigo completo no arquivo PDF.