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A importância de saber o valor de sua empresa

Artigos Assinados | Artigos Assinados | 07.03.2013




* Por Walter Tamaki

Como pais, temos sonhos e expectativas quanto ao futuro de nossos filhos. Acompanhamos de perto cada etapa de sua vida, seu crescimento, desenvolvimento motor, intelectual, etc. E, se com o passar dos anos, não se tornarem adultos capazes e responsáveis, se não se formarem e conseguirem prosperar, vamos nos sentir frustrados.

Começaremos a nos questionar: Onde erramos? Aconteceu algum problema? Quando? Como não percebemos? Poderíamos ter feito algo?

Quando investimos nossos recursos em uma empresa, nos sentimos um pouco “donos” e, por isso mesmo, esperamos que ela explore ao máximo seu potencial.

Deveríamos, então, acompanhar diversos indicadores, fatores chave e demonstrativos para saber o estado de saúde de nossa empresa. Além dos resultados, perspectivas do setor, rentabilidade, liquidez, entre outros,  para saber se os gestores dessas empresas estão ou não “fazendo a lição de casa” e dedicando-se as suas tarefas.

Em inúmeros livros de finanças, vemos vários “cases” nos quais acionistas (principalmente minoritários) questionam os gestores quando a empresa não está “criando valor”.

Ora, como assim não está criando valor? Se a rentabilidade foi positiva, se houve crescimento nas vendas, se...

Novamente, temos que voltar a pensar na nossa vida. A família da minha primeira esposa descendia de italianos e negros. Minha cunhada tinha mais de 1,80m de altura e meu cunhado em torno de 1,90m. Minha sobrinha sempre foi muito maior que todas as meninas e meninos de sua idade - com 13 anos, tinha cerca de 1,72m. Apesar de algumas vezes ser motivo de constrangimento, ela estava dentro da altura normal (ou esperada) tomando em conta a altura de seus pais.

Do ponto de vista de um acionista ou investidor profissional, uma empresa que não esteja se desenvolvendo de forma compatível com seu setor, com sua estrutura e recursos, está sendo mal gerida, está destruindo valor.

Se isso estiver acontecendo, muito provável que:

- Esteja mais endividada que o necessário;
- Não esteja tendo os resultados que poderia ter;
- A produtividade seja baixa;
- Tenha muita gente em sua estrutura;
- Controles deficientes;
- Faça ou invista em coisas que não estejam contribuindo tanto no resultado.

Lembre-se que o mercado é implacável e competitivo. Assim como no reino animal, o mercado vai descartando e abandonando ou deixando para os predadores os animais mais velhos e frágeis.

Diariamente, vemos empresas encerrando suas atividades, incapazes de honrarem suas dívidas, e outras sendo vendidas ou sofrendo intervenções, ou, ainda, sendo liquidadas, vendidas parte por parte, etc.

Não, o objetivo não é criar um autômato sem alma, capaz de emular um ser humano, porém, sem alegria ou propósito. Não, a proposta é meramente olharmos a empresa e sentirmos uma satisfação (orgulho). Pelos prospectos favoráveis, por estarem preparados para o futuro, pela rentabilidade e valorização. Por evitarem riscos desnecessários, por serem responsáveis e sustentáveis.

Como já estamos mais familiarizados com o conceito de idade biológica e cronológica, percebemos que podemos também, de maneira similar, sermos mais objetivos na avaliação de nossa empresa e de nossos investimentos.

E, então, poderíamos avaliar:

- O valor da empresa ou de nossa participação;
- Os riscos;
- A rentabilidade da empresa x do setor.

Ou seja: avaliar se a empresa está ou não no rumo certo e se seus indicadores estão dentro ou melhores do que o esperado.


* Walter Tamaki é sócio consultor da Ventana Capital, especializada em gestão, renegociação, assessoria em M&A e reestruturação de empresas. Possui graduação em Administração de Empresas com ênfase em Finanças e Produção, mestrado pela FGV e MBA Internacional pelo ONEMBA FGV. Tem vasta experiência em gestão e recuperação de empresas adquirida e profundos conhecimentos em planejamento estratégico, societário e tributário. www.ventanacapital.com.br