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Ações para valorizar o segmento de papel

Artigos Assinados | Coluna Bracelpa | 01.07.2009




Medidas que aumentem a oferta de crédito e de capital de giro para manutenção das operações das empresas, inclusão da distribuição de cadernos para alunos de escolas públicas no Programa Nacional de Livros Didáticos (PNLD) e utilização de papel produzido no Brasil para a confecção dos livros do PNLD. Essas são algumas das demandas do segmento de papel negociadas pela Bracelpa em diversos órgãos do poder público, com o objetivo de criar melhores condições para as associadas enfrentarem os impactos da crise financeira internacional.

Paralelamente à atuação voltada especificamente a essas questões emergenciais e prioritárias, a Associação desenvolve ainda ações em outras frentes, no intuito de valorizar o papel produzido no Brasil e suas diferentes aplicações, buscando oportunidades para conquista de novos mercados e ganho de maior competitividade internacional.

Uma das prioridades de atuação, coordenada pelo Comitê de Papel de Embalagem, está voltada ao desenvolvimento de estratégias para a retomada da utilização de sacos de papel em supermercados. Tal medida, segundo dados da Associação, criará uma nova demanda potencial para o segmento estimada entre uma e 3 mil toneladas de papel kraft por mês. Além disso, a utilização dos sacos de papel poderá agregar valor à cadeia da reciclagem, gerando mais receita para as cooperativas, pois trata-se de matéria-prima nobre para as empresas recicladoras.

Mais do que o incentivo ao emprego desses sacos simplesmente para o transporte de compras, o Comitê tem a proposta de criar um novo conceito de utilização do produto, mostrando que, após as compras, pode ser utilizado nas residências para ensacar outras embalagens vazias e demais materiais recicláveis consumidos, a seguir destinados à coleta seletiva.

Para que o trabalho alcance os resultados esperados, a Bracelpa firmou acordo com a rede Supermercados Dalben, de Campinas (SP), para a realização de pesquisa com o consumidor sobre o uso de sacos de papel. O trabalho será realizado na unidade do distrito de Barão Geraldo, região que, segundo institutos de pesquisa, detém um dos maiores níveis de consciência ecológica do País. Nesse local está instalada, entre outras instituições, a Unicamp. Para esse estudo, que terá início na primeira quinzena de agosto, serão entregues à rede 100 mil sacos de papel confeccionados em papel kraft 70 g.

A Bracelpa também tem atuado nos debates da Política Nacional de Resíduos Sólidos – elaborada por uma comissão da Câmara dos Deputados coordenada pelo deputado Arnaldo Jardim (PPS-SP) –, que deverá entrar em votação ainda em julho, antes do recesso parlamentar. Na avaliação da Associação, a proposta traz grandes avanços em relação à expectativa da indústria, ao estabelecer, entre outros pontos, a responsabilidade compartilhada pelos resíduos sólidos gerados por todos os setores envolvidos, ou seja, poder público, empresas e consumidores. Outro ponto importante, que pode gerar excelentes oportunidades para o setor, consiste na valorização da reciclagem, principalmente para as empresas atuantes nessa área.

O aumento do consumo aparente de papel pelo brasileiro – estimado em 42 kg –representa também uma importante frente de atuação, ainda mais se considerado que esse índice está muito abaixo do verificado em países desenvolvidos, como Reino Unido (199,5 kg), Estados Unidos (288 kg) e Finlândia (368,6 kg), por exemplo.

Nesse sentido, o trabalho da Bracelpa tem como escopo mostrar que o aumento do consumo pode ser feito de maneira consciente, principalmente porque toda a produção de celulose e papel vem de florestas plantadas e, portanto, de recursos renováveis. Assim, a sustentabilidade fica como a principal mensagem a ser propagada entre os diversos públicos de interesse com os quais a Bracelpa busca estreitar relacionamento, seja no setor público, entre empresas e escolas, além de outras entidades.

É preciso ressaltar que o presidente Luiz Inácio Lula da Silva sancionou, no início de junho, a Lei nº 11.945, que estabelece medidas para coibir o uso indevido de papéis declarados para fins editoriais e, por isso, imunes de tributos. Essa foi uma importante conquista do segmento no primeiro semestre de 2009, pois o desvio desse papel está prejudicando a concorrência no mercado interno. Sem o custo dos impostos, o produto compete de forma ilegal com o papel nacional tributado. As medidas entrarão em vigor após a publicação de Instrução Normativa, e as empresas do setor esperam que os efeitos positivos sejam sentidos ainda no decorrer deste ano.

Elizabeth de Carvalhaes
Presidente Executiva da Bracelpa