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Olhar atento ao futuro do setor

Eventos e Exposições | 5a Semana de Celulose e Papel | 04.09.2017




5ª Semana de Celulose e Papel de Três Lagoas lança olhar atento ao futuro do setor

Evento realizado pela ABTCP dedica atenção às tendências que prometem impactos significativos à indústria de celulose e papel

Por Caroline Martin

Entre os dias 22 e 24 de agosto último, a ABTCP – Associação Brasileira Técnica de Celulose e Papel promoveu a 5ª Semana de Celulose e Papel de Três Lagoas, no Mato Grosso do Sul. Mundialmente conhecida pela relevância na produção de celulose — somando a produção das empresas instaladas na cidade, tem-se um total de 3 milhões de toneladas de fibra curta anuais, valor que está prestes a ser ampliado para 4,95 milhões de toneladas anuais, com o startup da linha 2 da Fibria, que aconteceu no último dia 23 —, Três Lagoas mais uma vez foi palco do principal evento voltado à capacitação técnica dos profissionais e estudantes da indústria de base florestal da região. 

Durante os três dias de programação, o evento reuniu 700 participantes para discutir os desdobramentos que marcam a indústria de base florestal atualmente e que pautarão as apostas estratégicas dos próximos anos. Na sessão de abertura, Lairton Leonardi, coordenador do conselho da ABTCP, enfatizou que o futuro não está próximo, já chegou. “Por mais que estejamos passando por um momento político-econômico conturbado, temos de pensar no futuro que já bate à nossa porta. Em vez de produtos específicos, já falamos em múltiplas plataformas de negócios. Em vez de processos fechados, teremos cadeias de valores interligadas e abertas, procurando novas alternativas de adicionar valor em nossos processos através do compartilhamento de conhecimento em rede”, exemplificou algumas mudanças em andamento.  

Em sua palestra, Carlos Farinha, vice-presidente da consultoria finlandesa Pöyry, ressaltou que o setor florestal tem destinado o seu foco para o uso integral e sustentado da área plantada. Para o executivo, há uma renovação e reavaliação da estrutura de produção, especialmente nas regiões geográficas desenvolvidas. Entre as forças motoras que impulsionam essa renovação do setor, Farinha citou a mudança drástica nos mercados dedicados à comunicação, em especial o mercado de papéis gráficos, devido à revolução digital e sua influência nas mídias; a perda de competitividade das regiões desenvolvidas do hemisfério Norte, em comparação às regiões em desenvolvimento do Sul, em função do baixo custo de produção de madeira oriunda das plantações de alto rendimento; o deslocamento do crescimento do consumo para as regiões em desenvolvimento do Sul, especialmente para a Ásia, e a mudança do conceito de um produto principal para vários produtos e subprodutos que podem ser originados ao longo de toda a cadeia produtiva.

Os conceitos e impactos da 4ª Revolução Industrial, também conhecida como Indústria 4.0, foram abordados por Luiz Egreja, consultor sênior de Transformações de Negócios da Dassault Systèmes. "As tendências que temos acompanhado nas fábricas não estão acontecendo somente no setor industrial. Elas têm transformado todas as atividades humanas. São claras as mudanças de comportamento e de expectativa da sociedade diante das tecnologias atuais e do que elas podem nos oferecer”, pontuou sobre a etapa atual que prevê ainda mais mudanças no curto, médio e longo prazos. Na prática, esclareceu Egreja, o novo modelo de atuação deve trazer alterações em todas as etapas do ciclo de vida, seja de um produto ou de um ativo industrial, e promete impactar drasticamente as companhias que não se adequarem às transformações.

Um painel de discussões dedicado a Indústria 4.0, que contou com as participações de Leonardo Pimenta, gerente de Controle Técnico da Eldorado Brasil, Fabrício Stange, gerente de Manutenção da Unidade Três Lagoas da Fibria e Amaury Malia, gerente geral da Unidade Três Lagoas da International Paper, também deixou os presentes a par dos principais desafios que cercam a indústria de celulose e papel. "Discutir estes temas tem grande relevância para o momento em que vivemos hoje, pois precisamos nos preparar para viver o novo cenário apresentado pela Indústria 4.0, conceito que engloba as principais inovações tecnológicas dos campos de automação, controle e tecnologia da informação, aplicadas aos processos de manufatura”, comentou Malia.

Na visão de Stange, desmistificar a implantação prática dos conceitos da Indústria 4.0 é o primeiro passo a ser dado. “São práticas que estão mais próximas do que a gente imagina — em alguns aspectos, já é realidade na Unidade Três Lagoas˜, afirmou, revelando que o assunto começou a ser tratado pela Fibria em 2015. “No ano passado, estruturamos sete projetos nessa linha. Em 2017, temos dedicado esforços a floresta, indústria e área de Tecnologia da Informação para identificar as oportunidades de mercado”, citou alguns trabalhos encabeçados pela Fibria neste âmbito. 

A estratégia da Eldorado para driblar os desafios atuais e futuros tem sido apostar em excelência operacional. De acordo com Pimenta, inovações incrementais, capacitação de pessoas e integração de sistemas são algumas das frentes trabalhadas para explorar ao máximo os ativos da empresa. O projeto Fábrica Autônoma, iniciado em setembro passado, destaca-se entre as iniciativas em andamento. 

Com a palavra, os patrocinadores

"Eventos como esse promovido pela ABTCP contribuem para preparar tanto as indústrias quanto os profissionais em atuação e estudantes que estão sendo preparados para o futuro do setor. A Albany busca constantemente oferecer produtos e serviços técnicos para melhorar as operações das máquinas de papel e celulose, buscando otimizar processos e reduzir custos operacionais.”
Lafaety Carneiro de Oliveira, coordenador de Produto para a América do Sul da Albany

"A ABTCP fez uma reestruturação importante na forma de promover os eventos técnicos, saindo de sua sede e levando os eventos para os polos produtores. Dessa forma, a qualidade dos eventos mudou de patamar e está alcançando um público mais diversificado. Esses eventos técnicos alinham conhecimentos e necessidades do setor entre fornecedores, produtores e instituições de ensino."
Adilson José Zanon, gerente de Tecnologia da Buckman Latin America

"A Semana de Celulose e Papel tem muita relevância, à medida que atrai gente para o segmento de celulose e papel e faz o setor aumentar sua visibilidade. Eventos como esse despertam no profissional e no estudante seus próximos passos, pois esclarecem informações de uma maneira muito específica, clara e atualizada. O mercado de celulose e papel precisa de novos profissionais e eventos como esse podem ajudar no crescimento desse número."
Luiz Leonardo – Diretor de Químicos para Branqueamento da Kemira América do Sul

"Eventos realizados pela ABTCP permitem que sejam expostas novas tecnologias e novas práticas operacionais, além de abrir espaço para o diálogo e debate de assuntos diversos que podem ajudar as plantas de papel e celulose a buscar soluções para problemas variados. A Solenis possui ampla atuação no mercado de papel e celulose, tanto na parte de processo quanto na área de utilidades, sempre expondo as tecnologias que mais tem agregado valor aos nossos clientes.”
Pedro Moreira, engenheiro de Aplicações da divisão de Água Industrial da Solenis Especialidades Químicas

"A importância de eventos como a Semana de Celulose e Papel está na inserção do mundo acadêmico num cenário onde produtores e fornecedores apresentam suas tecnologias e desenvolvimentos, visando  manter o Brasil na vanguarda da produção de celulose de fibra curta branqueada.”
Marco Aurelio Garcia, coordenador de Mercado da Xerium

Para mais detalhes sobre as palestras apresentadas durante os três dias da 5ª Semana de Celulose e Papel de Três Lagoas, confira a Reportagem de Capa da edição de setembro da revista O Papel.


Caroline Martin
Especial para Revista O Papel