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Nanocristais de celulose, lignina e outros componentes

ABTCP 2017 | ABTCP 2017 - Sessão Temática Biorrefinaria | 27.10.2017




Sessão Temática Biorrefinaria
Nanocristais de celulose, lignina e outros componentes da madeira apontam caminhos para o novo modelo de negócios de indústria de celulose e papel

Uma Sessão Temática sobre Biorrefinaria destacou-se entre as atividades vespertinas do terceiro dia do ABTCP 2017 – 50º Congresso e Exposição Internacional de Celulose e Papel. Abrindo as palestras da sessão, Mayara Felix Santana, mestranda em Engenharia Química na Universidade Federal de Viçosa (UFV), abordou o efeito do tempo de hidrólise (processo de isolamento) nas características morfológicas, dimensionais e de carga de superfície de nanocristais de celulose (NCC) de fibras de algodão. "Dimensões e forma dessas nanopartículas, bem como sua carga de superfície, podem influenciar no desenvolvimento das propriedades de resistência mecânica de compósitos poliméricos, uma das potenciais aplicações. Dessa forma, entender a influência é importante para aproveitar o máximo do potencial dessas nanopartículas para essa e outras aplicações”, comentou sobre a iniciativa de realizar o trabalho.
Já o trabalho apresentado por Marcelo Muguet, pesquisador do Centro de Tecnologia da Klabin, em Telêmaco Borba (PR), destacou o potencial da Klabin em fornecer diferentes tipos de lignina no futuro. "A Klabin detém a maior quantidade de florestas plantadas de pinus no Brasil, visando à utilização das fibras em papéis para embalagem. Pelo fato de a empresa também possuir eucalipto em seus processos, poderíamos fornecer ligninas das duas espécies”, citou sobre o diferencial. Além disso, pontuou Muguet, a Klabin possui processos químicos tradicionais (como os concorrentes de mercado) e semi-químicos, o que também pode gerar grades diferentes de lignina. Ele contou que a empresa vem dedicando atenção a diferentes destinos para essas ligninas, a exemplo da incorporação em resina fenólicas e espumas de poliuretano. "A tendência é agilizar as possíveis aplicações de ligninas com base no valor de venda e com isso começar a gerar e expandir o mercado."
Paulo Coutinho, gerente do Instituto Senai de Inovação, ressaltou os desafios e as oportunidades que o futuro apresenta à indústria em geral, mas em particular a de celulose e papel. "Esta indústria encontra-se em posição relevante na futura bioeconomia, apresentando pontos importantes de vantagem competitiva que precisam ser melhor explorados”, afirmou. "É a compreensão dos drivers, o entendimento das tecnologias em evolução e o perfeito ajuste de um portfólio que considere atividades atuais e oportunidades novas advindas destas tecnologias que garantirão a prevalência de empresas do setor nesta nova área da economia”, completou.
O aproveitamento da floresta além da fabricação de celulose e papel tem sido o foco das pesquisas e dos investimentos da Suzano Papel e Celulose. Fabio Figliolino, gerente executivo de Inovação da Suzano, frisou que a competência essencial da companhia é produzir floresta. “Vender celulose e papel é apenas uma das formas de aproveitar o nosso potencial florestal.” Atenta a todas as oportunidades futuras, a Suzano investe no que denomina como Negócios Adjacentes há uma década. "A lignina destacou-se como caminho mais óbvio. Desde 2007, pesquisamos o comportamento desse importante componente da madeira em diferentes aplicações”, contextualizou Figliolino. Ele contou que, em 2018, a Suzano produzirá 20 mil toneladas de lignina na planta piloto instalada em Limeira (SP). 
Em um painel de discussão posterior às apresentações, os palestrantes debateram temas relevantes ao amadurecimento dessa realidade futura. O desenvolvimento de novos mercados, a concorrência com outros segmentos industriais e o novo modelo de negócios necessário à consolidação das biorrefinarias foram algumas das pautas discutidas com a plateia. 

Nota: Para mais detalhes sobre os temas debatidos nas Sessões Técnicas e Temáticas do ABTCP 2017 – 50º Congresso Internacional de Celulose e Papel, confira a edição especial da O Papel de novembro, com toda a cobertura do evento.

Caroline Martin
Especial para Revista O Papel