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Entrevista

Artigos Assinados | Entrevista | 27.08.2021




ROBERT MOON, ENGENHEIRO DE PESQUISA
DE MATERIAIS NO USDA FOREST SERVICE,
É PREMIADO PELA TAPPI E REFORÇA
A IMPORTÂNCIA DOS TRABALHOS
RELACIONADOS ÀS NOVAS APLICAÇÕES DOS
NANOMATERIAIS DERIVADOS DA CELULOSE

Em uma iniciativa voltada à valorização da contribuição oferecida por pesquisadores dedicados à
área de nanotecnologia, a Technical Association of the Pulp and Paper Industry (TAPPI) conferiu
o Prêmio de Liderança e Serviço da NanoDivisão da TAPPI 2021 a Robert Moon, engenheiro de
Pesquisa de Materiais no USDA Forest Service (United States Department of Agriculture).
Por trás do mérito conquistado recentemente, está uma trajetória já consolidada, mas em constante
processo de desenvolvimento. Mestre em Engenharia de Materiais pela Universidade de Purdue
(2000), nos Estados Unidos, Moon concluiu em seguida um pós-doutorado de cinco anos em Ciência e Engenharia
de Materiais na Universidade de New South Wales, na Austrália, experiência que o permitiu refinar a abordagem de
pesquisa a partir da perspectiva das relações entre processamento, estrutura e desempenho dos nanomateriais.
“Em 2005, comecei a trabalhar no Serviço Florestal dos EUA, no Laboratório de Produtos Florestais (FPL). Nessa
época, o diretor assistente do FPL, Ted Wegner, tinha a visão e a determinação de que os nanomateriais de celulose
(CNs) eram uma nova tecnologia que poderia revolucionar o mercado de produtos florestais e muitos outros. Assim,
o FPL precisou assumir um papel de liderança para ajudar a coordenar o desenvolvimento dessa tecnologia”, recorda
o pesquisador, informando que a oportunidade de iniciar um programa de pesquisa conjunta entre o FPL e a Universidade
de Purdue sobre CNs surgiu em 2007. “Desde então, venho trabalhando com várias equipes diferentes,
visando aos aspectos de ciências fundamentais e aplicadas na caracterização, modelagem, modificação superficial,
nanocompósitos e utilização de CNs.”
Os esforços produziram um trabalho pioneiro na medição de propriedades termomecânicas e modelagem de CNs,
filmes de CN e compósitos de polímeros CN, capturando os relacionamentos anisotrópicos entre estrutura e propriedade
para celulose cristalina, bem como as estruturas hierárquicas dentro dos compósitos de CN. “A aplicação prática
resultou no uso de nanocristais de celulose como um aditivo para cimento e também para fibra de vidro, visando melhorar
a resistência”, comenta o pesquisador, cujo artigo de análise de 2011, publicado na American Chemical Society,
desponta como o mais citado entre as pesquisas sobre CNs, atualmente com mais de 4,7 mil citações no Google.
Mantendo viva a visão de Wegner de ter o FPL em um papel de liderança na área de CNs, Moon dedicou-se a
inúmeras atividades de mapeamento e, em 2008, envolveu-se em funções de liderança na então nova Divisão de
Nanotecnologia da TAPPI, da qual foi diretor no período de 2014 a 2020. “O principal aspecto da minha função foi
legitimar a Divisão de Nanotecnologia para que pudéssemos atender melhor às necessidades da comunidade que
está desenvolvendo a nova tecnologia de CNs, fazendo a transição do potencial desses materiais para aplicações
comerciais”, revela ele.
Na entrevista a seguir, Moon destrincha o status atual dos trabalhos em andamento, elenca os desafios a serem
superados e posiciona o Brasil e os demais grandes players da indústria de base florestal neste relevante braço de
Pesquisa e Desenvolvimento para o fortalecimento da bioeconomia.

Caroline Martin
Especial para Revista O Papel