Voltar   

(PM) PAREDE MÚLTIPLA

Artigos Assinados | Artigos | 27.08.2021




No artigo anterior comentamos sobre a estrutura tipo
parede múltipla (PM). Gostaríamos de registrar
algo mais, embora com o caráter particularmente
informativo, já que essa estrutura deixou de ser fabricada
e por razões que antecipamos no artigo de julho. (Certos
registros às vezes se tornam interessantes por curiosidades
ou referências a um passado recente).
A estrutura PM era fabricada num processo quase artesanal:
Sobre uma parede simples que poderia ser de onda A, C
ou PD (AC, BC...) eram coladas chapas de faces simples (ondas
C ou A – mais frequente, porém, onda C) até alcançar a
espessura desejada, espessura essa que tinha tolerâncias que
poderia chegar até +/- 5mm!
Cola, normalmente de amido, era aplicada no topo das ondas
da face simples em uma máquina laminadora e essas chapas
de face simples eram depositadas sobre a parede simples que
era a primeira chapa já previamente cortada nas medidas e posicionada
na mesa à frente da laminadora.
A espessura final da parede múltipla era previamente estimada
levando em consideração as espessuras da chapa de parede
simples e da espessura das chapas de face simples que deveriam
ser sobrepostas. Na laminadora não havia, praticamente,
perda das espessuras dessas chapas. Mesmo assim variações na
espessura final da parede múltipla (espessuras além de 25 mm)
não eram consideradas defeito crítico.
Após a operação laminadora, um certo tempo era requerido
para a chapa de parede múltipla ser trabalhada, cortada e
dimensionada de acordo com a sua utilização dentro da caixa
de papelão ondulado. Isso para permitir um tempo para uma
colagem eficiente.
O corte (ou cortes) era uma operação “estranha” para uma
fábrica de papelão ondulado, já que se usavam serras, circulares
ou de fita. O setor da fábrica mais parecia uma marcenaria dado
ao tipo de trabalho executado. Além dos meios-cortes eram feitos
também cortes com inclinação de 45°, cortes estes que permitiam
um “canto” como se fora uma esquadria (o que se faz
normalmente em madeira ou metal):
Tais cortes permitiam a utilização da peça como acessórios para
várias funções dentro da caixa: Tabuleiros, Cantoneiras, Cintas.

Como tabuleiros, a peça era usada em situações que exigiam
proteção de acolchoamento para alguns produtos e em condições
especiais; como cantoneiras era usada em embalagens para
geladeira*, fogões, lavadouras etc.; como cintas (de reforço) era
usado para dar à embalagem uma “super” proteção quanto à
resistência ao empilhamento.
Outros recursos são usados hoje pois sistemas de estocagem,
armazenamento e transporte, somando-se a isso um
maior cuidado no manuseio e uso das embalagens de um
modo geral, trouxeram novos conceitos e simplificação às
embalagens de papelão ondulado. As embalagens de papelão
ondulado, atuais, são mais simples no que diz respeito ao uso
de acessórios (divisões, tabuleiros, cantoneiras etc.).

Juarez Pereira
Assessor técnico da ABPO – Associação Brasileira de Papelão Ondulado