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A VOZ NA SUA CABEÇA: AJUDA OU ATRAPALHA?

Artigos Assinados | Carreiras & Oportunidades | 01.12.2021




Quando falamos em desenvolvimento pessoal e/ou profissional,
uma coisa temos em comum: a presença,
quase que eterna, de uma voz ou ruído mental que,
muitas vezes, mais nos atrapalha a fazer o que desejamos fazer
do que ajuda, não é mesmo?
Esse ruído aparece nas horas mais difíceis, aquelas em que
precisamos encontrar forças para seguirmos em frente e não desistir
dos nossos sonhos e projetos.
O que, geralmente, você escuta nas ocasiões mais desafiadoras
da sua vida que tiram você da sua zona de conforto e requisitam
inteligência emocional, resiliência, foco e atenção plena?
Medo, culpa, vergonha, raiva... a voz se veste do que for preciso
e sem nenhuma cerimônia logo avisa: Você não vai conseguir; eu
sabia que eles não iam promover ou contratar você, está velho demais
para essa posição; Você sabe que a culpa de não conseguir
cuidar da sua família é toda sua, não é mesmo?
E não para por aí. Mais questões emergem lá do fundo, como:
Você arriscou trocar de emprego em plena pandemia, pois então
arque com as consequências disso; como assim, você vai fazer
uma apresentação para 60 pessoas? Jamais, você não consegue
falar em público sem gaguejar; reunião com o presidente da empresa
não, você não é bom/boa o suficiente para fazer isso e se
alguém descobrir que você é uma farsa?
Essas e muitas outras falas que eu não preciso exemplificar, pois
você mesmo vai fazer isso enquanto lê esse texto, são algumas das
frases que perturbam nossa confiança em nós mesmos e que nos faz
dar um passo a trás na busca por nossos sonhos.
A parte boa de tudo isso é que você não está só. Assim como
você, eu e as pessoas que estão agora mesmo trabalhando ao seu
lado, convivem com esses ruídos interiores e, em um primeiro momento,
ouvi-los pode parecer estranho... no entanto, escutar o que
têm a dizer-lhe pode ser o seu melhor caminho.
As vozes, na sua cabeça, são cientificamente comprovadas, sabia?
Elas são efeito do seu medo e/ou ansiedade frente ao novo, ao
desconhecido ou a situações que realmente apresentem algum tipo
de ameaça ou perigo.
O que acontece é que sempre que cometemos um erro ou encontramos
dificuldades em nossas vidas, sentimo-nos instintivamente
ameaçados e, com o “perigo percebido”, acionamos nosso sistema de
defesa, ou seja, nosso cérebro reptiliano.
Quando nosso cérebro registra a ameaça, nosso sistema nervoso
simpático é ativado. Nossa amígdala entra em ação liberando cortisol
e adrenalina e deixando-o pronto para lutar, fugir ou paralisar.
O sistema trabalha bem protegendo-nos contra ameaças físicas, mas
pode se tornar problemático quando a ameaça são nossos pensamentos,
como: “Eu sou um perdedor(a)”; ou, “nossa, como eu estou velho(a)”.
Quando o nosso conceito sobre nós mesmos é ameaçado, o perigo
não está do lado de fora, ele está dentro de nós. Somos o oprimido
e o opressor. Lutamos contra nós mesmos com críticas e ofensas,
utilizando nossas fraquezas para nos forçar a mudar.
A verdade é que isso vai nos encolhendo em vergonha e falta de
autoconfiança. Congelamos frente a situações que antes eram muito
simples, mas é nesse ponto que trabalhar nosso autoconceito entra
como veículo de ajuda e nos alerta sobre a importância de escutar
nossos medos, ao invés de simplesmente esconder tudo isso embaixo
do tapete, como frequentemente fazemos.
Quando nos acolhemos, quando escutamos a nossa autocrítica,
tornamo-nos nosso amigo e não o time adversário. Nesse movimento,
acionamos o sistema nervoso parassimpático, assim, a clareza
sobre a humanidade que compartilhamos conosco seguida de bondade,
respeito e generosidade, desperta em nós os efeitos da serotonina
e da ocitocina, hormônios que contam para o corpo que agora
estamos em segurança e podemos seguir em frente.
Eu não sei se isso é novo para você, mas autocompaixão é uma
das ferramentas do autoconhecimento e, cada dia mais, empresas têm
aprendido a ofertar às pessoas aquilo que elas realmente precisam.
Mas, e você?
Consegue ser seu próprio porto seguro?
2022 está batendo na porta, e como você bem sabe que estou
aqui, questionando você e apoiando-o para se transformar em um
ser humano melhor. Melhor também para você mesmo.
Até breve.

JACKELINE LEAL
Psicóloga clínica, coach de carreira e consultora em Desenvolvimento Humano e Organizacional.