O FUTURO DO PACKAGING É DIGITAL
POR ADRIAN COVI
Um dos grandes desafios atuais para a indústria e o comércio tem sido contar com uma logística eficiente e flexível.
Em meio à forte expansão do e-commerce, fornecedores
e varejo estão se adaptando a consumidores cada vez mais
digitais e exigentes, em busca de produtos e serviços sustentáveis,
variados e personalizados, e com entrega rápida.
Além da explosão do consumidor digital, outra tendência importante com impactos para as empresas é a migração das grandes
redes de varejo para lojas menores mais próximas do cliente. Com
isso, se antes o caminhão chegava ao ponto de venda carregado
com um volume imenso de paletes de um mesmo produto, agora,
são diversos itens em quantidade menor.
Nesse contexto, os centros de distribuição e logística ocupam
papel crucial para atender a essas demandas desse novo cliente. E
a automação e a digitalização de processos estão fazendo a diferença no segmento, em especial no processo de empacotamento
e embalagem da mercadoria para seu envio, o chamado packaging
– e também na preparação e consolidação dos pedidos para envio
ao consumidor, etapa importante por exercer muita influência na
experiência final de compra do cliente.
Empresas de logística que atendem ao comércio eletrônico, centros de distribuição e à indústria de bens de consumo e alimentos e
bebidas intensificam o uso da robótica para estarem alinhados a essa
transformação do comportamento dos consumidores. O principal
objetivo com esse investimento é ganhar agilidade, eficiência e flexibilidade. Afinal, com uma operação eficiente de embalagem dos
produtos, separação e ordenação de pedidos, é possível agilizar envios de mercadorias e reduzir o tempo de processamento das vendas.
A Nestlé do Brasil, por exemplo, adotou uma célula robótica
colaborativa inédita para a área de paletização de suas fábricas de
chocolate. Utilizando um robô industrial e tecnologia de sensores
de movimentos, a solução permitiu a entrada, com segurança, de
trabalhadores na área operacional para acelerar as trocas de paletes.
O resultado foi uma melhora da produtividade do processo de paletização em 53%, reduzindo os custos de manutenção e contribuindo
para uma operação mais ágil e eficiente.
Processos automatizados com a utilização de robótica estão
cada vez mais presentes mundialmente em diversos segmentos da
indústria. Seguindo esta tendência, de forma a garantir a sua competitividade através da equiparação da excelência operacional, indústrias brasileiras do segmento de Papel e Celulose vêm buscando
adequações em seu processo produtivo, objetivando redução de
perdas, eficiência energética e padrões de qualidade cada vez mais
exigentes. A robótica, neste contexto, atua como solução ideal em
determinados processos, com a entrega de significativos ganhos de
produtividade e eficiência.
Para este segmento, a robotização está presente, por exemplo, em
finais de linha, para a embalagem e paletização dos produtos acabados. Numa das etapas do processo de embalagem, as bobinas de papel
são embaladas automaticamente com auxílio de robôs, que executam
movimentos rápidos, padronizados e precisos. Essa precisão em processos é extremamente importante, pois qualquer erro pode ocasionar
falhas na produção e consequentes perdas.
Em geral, células robóticas de aplicação modular altamente
adaptáveis também estão proporcionando um trabalho eficiente
com tamanhos de lotes menores, paletes mistos e pedidos individuais de clientes. Com essas soluções, empresas passam a ter
flexibilidade de armazenar e recuperar mercadorias como quiserem, em qualquer sequência para atender às suas operações e às
necessidades dos clientes, bem como à capacidade de aumentar
rapidamente suas atividades.
Além da flexibilidade, a modularidade, aliás, tem sido uma das
chaves para dar uma resposta rápida a mudanças repentinas de demandas de mercado, no que diz respeito à escala de produção, variedade de produtos e expansão de atendimentos para novas regiões.
Isso porque uma solução modular pode ser replicada facilmente e,
melhor ainda, a um custo bem menor se comparado ao investimento necessário para um projeto totalmente novo e dedicado – o que
torna a tecnologia também acessível a empresas de todos os portes.
Outro recurso que tem dado maior agilidade ao processo de
paIetização é a Inteligência Artificial, que faz com que as soluções
robóticas sejam capazes de trabalhar, por exemplo, com embalagens de qualquer formato sem que esse processo tenha sido cadastrado antes. Softwares conseguem ainda simular em ambientes
virtuais toda a produção e extrair as informações necessárias na
otimização digital das operações.
O consumidor digital, que já avançava de forma significativa, ganhou, sem dúvida nenhuma, um forte impulso com a pandemia de Covid-19, reforçando mudanças de comportamento
e exigências que estavam em curso. Mesmo com a reabertura de
lojas de físicas, o comércio eletrônico mantém o vigor. Segundo a
Associação Brasileira de Comércio Eletrônico (ABComm), em 2021
as vendas digitais cresceram 19% e a previsão para 2022 é de um
aumento de 12%. Aos centros de distribuição, empresas de logística
e indústrias, só resta, portanto, um caminho, rumo a um futuro do
packaging mais digital.