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O CICLO DA DESCONFIANÇA E A IMPORTÂNCIA DAS LIDERANÇAS

Artigos Assinados | Carreiras e Oportunidades | 02.08.2022




A Edelman, uma das maiores agências de comunicação
e de relações públicas do mundo realiza, desde
2001, uma pesquisa denominada Trust Barometer –
Estudo de Confiança Edelman, sobre confiança e
credibilidade nas instituições de quatro segmentos:
empresas, governo, ONGs e mídia.
Uma vez por ano, eles conversam on-line com cerca de 28 mil
pessoas de todas as classes e idades em 28 países e, em 2022, a
conversa teve duração de 30 minutos. No Brasil, aconteceu em
novembro de 2021 e 1.150 pessoas foram ouvidas.
Os resultados apurados relatam um colapso da confiança em
países democráticos. O índice de pessimismo aumentou drasticamente
no mundo, enquanto aqui no Brasil o otimismo atinge índice
de 73% e revela a confiança dos brasileiros de que eles e/ou suas
famílias estarão em situação melhor nos próximos cinco anos.
Segundo a pesquisa realizada, para as pessoas, o Governo e a
Mídia não são vistos como capazes de solucionar os problemas da
sociedade, já as Empresas e ONGS são. A queda na confiança traz
como resultado o aumento do medo em relação ao futuro e, no
Brasil, o medo do desemprego é o que chama mais a atenção.
Dentro da crise da confiança aparece a crise das Lideranças, em
que os únicos considerados confiáveis são o CEO da empresa em que
trabalho, meus colegas de trabalho e cientistas (acredita-se que muito
disso por influência da pandemia), provando que a comunicação é a
forma mais importante de lapidar a relação baseada em confiança.
Ao mesmo tempo, 73% das pessoas entrevistadas acreditam
que os líderes (nas empresas) mentem deliberadamente, sendo que
sete em cada dez brasileiros dizem que a sua tendência natural é
desconfiar de algo até ter evidências confiáveis, e 76% acreditam
que somos incapazes de manter um diálogo saudável sobre questões
que discordamos.
Ainda sobre a pesquisa (link disponível no final da reportagem),
todos os stakeholders cobram responsabilidades das empresas, 63%
dos brasileiros compram ou defendem marcas com base em seus
valores e crenças, 58% escolhem um lugar para trabalhar com
base em seus valores e crenças e 60% investem com base em seus
valores e crenças.
As organizações passam a ter cada vez mais responsabilidades
e, por consequência lógica, suas lideranças. É esperado que uma
organização, no mínimo, apoie as soluções de questões de cunho
social e que as lideranças passem credibilidade por meio de uma
comunicação clara, consistente e baseada em fatos. 80% dos brasileiros
esperam que os CEOs devam discutir e influenciar conversas
sobre assuntos referentes ao ambiente dos negócios e em desafios
sociais, não sendo necessário apoio e envolvimento político.
As empresas hoje são as fontes de informação mais confiáveis e
são vistas como forças estabilizadoras da sociedade, necessitando
reconhecer que seu papel social veio para ficar. Como tudo isso
afeta você?
Toda liderança é parte da organização pela qual responde, portanto,
do CEO/Diretoria ao Líder de chão de fábrica, todos são
convidados para assumir o papel de influenciador e tomador de
decisão. A liderança, a cada dia que passa, tem deixado de ser um
lugar ocupado por qualquer um e a pessoa que se senta nessa cadeira
precisa ser competente e responsável por toda e qualquer atitude
tomada, principalmente no que diz respeito a pessoas.
Não é possível ser um líder, ter um time e nunca ter feito um
trabalho sequer de pausa para olhar para si mesmo, a fim de perceber
como o seu jeito de ser, de pensar e de agir afeta o seu time e
sociedade nos quais está inserido.
Todo grande presente traz consigo uma responsabilidade e não
estar preparado para liderar pode trazer grandes prejuízos para as
empresas, assim como para quem é liderado.
Relações abusivas, profissionais descompromissados com a verdade,
sem posicionamento, incapazes de tomar decisões rápidas,
de criar alternativas, de lidar com imprevistos, em um curto prazo
serão casos isolados; assim tanto empresa como colaboradores são
convidados a investir mais e mais em atualização e capacitação.
Liderar exige que saiamos do amadorismo para enxergar liderados
e sociedade como algo muito maior e conectado. Se você lidera,
mas não tem clareza da intencionalidade e das consequências das
suas ações, você não o faz. Você está líder, você não é líder.
Nota: acesse a pesquisa disponível em: https://www.edelman.
com.br/edelman-trust-barometer-2022. Acesso em: jul. 2022. 

JACKELINE LEAL
Psicóloga clínica, coach de carreira e consultora em Desenvolvimento Humano e Organizacional.