ambiente são um dos pilares que sustentam esta visão. O
cuidado também no processo fabril que privilegia o uso de
fontes renováveis na geração de energia e o menor uso de
água para fabricação do mesmo produto são diferenciais
que chamam a atenção.
Toda essa matéria dá origem a produtos que são biodegradáveis, recicláveis e alternativas a materiais de origem fóssil.
Para além dos atributos ambientais, a tecnologia empregada
e valor agregado ainda mais alto que os bioprodutos do setor
carregam, graças a investimentos em ciência e tecnologia,
começam a ganhar ainda mais luz aos olhos do mundo.
Um fantástico exemplo é a celulose solúvel, que extrapola
os limites do setor e possibilita a substituição de matéria-
-prima de origem fóssil em uma série de segmentos industriais como têxtil, alimentício, beleza, higiene, entre outros.
Exemplo diário é a salsicha, que é cozida em um molde de
viscose. Isso quer dizer que a pele da salsicha, assim como de
outros alimentos industrializados, como o salame, contém a
matéria-prima. Ainda na seara da alimentação, produtos dieté-
ticos levam celulose solúvel, pois ela substitui a gordura animal
e dá a mesma cremosidade. Um exemplo é o milk-shake diet.
Mais uma aplicação em um item que está em nossas
mãos no dia a dia é a pasta de dente. A textura firme que
conhecemos deve-se à celulose solúvel. Não fosse assim, seria um líquido. Também é interessante lembrar que as cápsulas de remédios recebem a matéria-prima renovável. Ela
permite, inclusive, que os laboratórios desenvolvam medicamentos que serão liberados após o tempo necessário de
ingestão ou no local correto do organismo. Até mesmo em
uma viagem de avião temos contato com fibras vindas da
madeira cultivada, que é utilizada como reforço de pneus
de alta performance, pois é mais resistente a altas temperaturas do que matérias-primas de origem fóssil.
Outra aplicação que merece amplo destaque é na indústria
da moda. Trata-se de uma substância imensamente versátil
e seus usos ainda são alvo de pesquisa e desenvolvimento.
Hoje a celulose solúvel é muito utilizada como filamento de
viscose, revestindo tecidos delicados, como gravatas, roupas
íntimas, vestidos e até tecido jeans, para não mencionar toalhas e roupa de cama. A partir da viscose, é possível produzir
uma fibra com alto potencial de oferecer alternativa sustentável e de qualidade para a indústria têxtil, até mesmo como
alternativa ao poliéster Os benefícios do crescimento desse segmento da indústria de base florestal toca também na esfera social. Aportes
vultuosos e geração de empregos são aspectos que marcaram a construção das plantas fabris de Bracell, em São
Paulo, e da LD Celulose, em Minas Gerais, as quais tive o
prazer de visitar, recentemente.
Em Lençóis Paulista-SP, a Bracell levantou uma planta
híbrida, chamada projeto Star, capaz de produzir celulose
kraft e celulose solúvel. Ali foram mais de R$ 8 bilhões
investidos em uma unidade, cujo sinônimo é a sustentabilidade. Cada detalhe foi pensado e desenvolvido visando a respeitar o meio ambiente. Assim, foram cerca de
11 mil trabalhadores temporários no pico das obras e outros
6,5 mil postos de trabalho fixos, diretos e indiretos.
A LD Celulose, por sua vez, instalou-se no Triângulo
Mineiro. Fruto de joint venture entre a Dexco e a austríaca
Lenzing, o negócio nasceu destinado ao sucesso, uma vez
que a companhia da Áustria já comprou toda a produção
até o fim de 2025. Lá, toda a celulose solúvel será destinada
para dar origem a tecidos.
Na visita, também chamou a atenção o cuidado ambiental do projeto, que recebeu investimentos na ordem
de US$ 1,3 bilhão e gerou 9,6 mil empregos no auge da
construção e, atualmente, conta com 1,5 mil colaboradores, diretos e indiretos.
O investimento em ciência e tecnologia, apesar de não
significar, sozinho, a solução de nossos maiores problemas, é elemento essencial na caminhada para o futuro e na
construção dessas soluções. Suas benesses, como podemos
perceber, quando bem planejado, vão além dos aspectos
ambientais e podem significar estímulo ao desenvolvimento de regiões anteriormente sem dinamismo econômico e
afastadas de grandes centros.
Exemplos de inovação com alto potencial disruptivo de
novos mercados sustentáveis – como a celulose solúvel –
são ótimos exemplos de que é possível moldar o futuro em
direção a uma economia saudável, produtiva e em harmonia com o meio ambiente. Olhar para a bioeconomia como
caminho para o futuro sustentável que almejamos significa multiplicar tais frutos, os quais resultam de anos de
comprometimento com a sustentabilidade e a inovação, ao
mesmo tempo valorizando-os como novos alicerces de uma
economia mais sustentável.
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