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Mercado sustentável deve crescer no Brasil

Entrevistas | Entrevista | 01.04.2009




Em 2007, o mercado de tecnologias ambientalmente corretas alcançou a marca de US$ 17 bilhões no País, segundo a pesquisa Tecnologias Sustentáveis no Brasil, conduzida pela consultoria alemã Roland Berger. Até 2020, as perspectivas são de que haja aumento de 5% a 7% por ano em serviços e produtos sustentáveis. O setor de papel e celulose, com seus reflorestamentos e a busca de inovações para uma produção mais limpa, tem muito a contribuir nessa área: “Esta indústria está atuando de maneira muito forte na recuperação de regiões anteriormente degradadas e, sem a menor dúvida, dá uma grande contribuição para o meio ambiente aqui, no Brasil, e no mundo”, afirma Thomas Kunze, diretor da Roland Berger e o entrevistado do mês da revista O Papel.

O estudo, que coletou dados de mais de 100 empresas brasileiras no primeiro trimestre deste ano, foi apresentado durante a Ecogerma 2009, feira de tecnologias sustentáveis que aconteceu em São Paulo em março. Na abertura do evento, a ministra de Educação e Pesquisa da Alemanha, Annette Schavan, também ressaltou a importância do Brasil na busca pelas chamadas tecnologias “verdes” e das parcerias entre nações e empresas para que o mundo tenha mais inovações voltadas à sustentabilidade: “No momento, passamos por uma crise que envolve todos os países da mesma forma, e isso indica que precisamos encontrar juntos soluções que mostrem de onde virão os empregos no futuro e quais serão as formas de bem estar no amanhã”, afirmou. Confira o detalhamento da pesquisa e as ações da indústria brasileira neste campo na entrevista a seguir.

O Papel – Qual foi a base para a realização da pesquisa Tecnologias Sustentáveis no Brasil e qual a representatividade deste mercado no País?
Thomas Kunze – A pesquisa foi realizada com 110 empresas brasileiras para apontar como enxergam esta área e seus potenciais, além de abordar suas reações diante da crise atual em termos de sustentabilidade. O mercado de tecnologias sustentáveis hoje no Brasil movimenta mais de US$ 17 bilhões, valor comparável ao faturamento dos setores mecânico e elétrico brasileiros.

O Papel – Quais são as principais áreas consideradas quando o assunto é sustentabilidade?
Kunze – Fundamentalmente, são três grandes áreas, todas fortes no Brasil: energias renováveis, gestão ambiental e eficiência energética. O fato mais importante consiste no franco desenvolvimento do setor de tecnologias sustentáveis, com alta estimada de 5% a 7% por ano até 2020, superior ao crescimento da economia nacional.

O Papel – Em comparação a outros países e regiões do mundo, como o Brasil está posicionado em termos de tecnologias ambientalmente amigáveis?
Kunze – No Brasil, ainda há um grande potencial de crescimento no uso de energias renováveis, que já é área de grande força no País. A Alemanha, por exemplo, tem investimentos seis vezes superiores aos brasileiros nesse segmento, chegando a US$ 40 bilhões. Em gestão ambiental, a diferença mostra-se ainda mais pronunciada: na Alemanha, o investimento é 16 vezes maior do que no Brasil, tendo alcançado US$ 80 bilhões em 2007. Isso reforça a proposição de que no País ainda existe um grande potencial de crescimento na utilização de tecnologias sustentáveis. Por isto realizamos este estudo: para compreender onde estão os maiores mercados potenciais no País, onde há barreiras e quais são as necessidades das empresas brasileiras.

O Papel – Qual a sua visão sobre a importância do setor de papel e celulose no mercado de tecnologias sustentáveis?
Kunze – O Brasil tem posição de liderança neste setor, até por sua localização muito favorável. Esta indústria está contribuindo de maneira muito forte para a recuperação de regiões anteriormente degradadas e, sem a menor dúvida, dá uma grande contribuição para o meio ambiente no Brasil e no mundo. O setor de celulose e papel é baseado na plantação de eucaliptos, totalmente voltada para o reflorestamento, atuando de maneira extremamente responsável e com grande preocupação com o meio ambiente, colaborando para os desafios ambientais brasileiros.

O Papel – Como o setor industrial brasileiro está investindo no segmento de tecnologias sustentáveis?
Kunze – Internacionalmente, as empresas tendem a investir até 2% de seu faturamento em tecnologia sustentável, mas no Brasil metade das empresas investe menos que 1%. Aqui, investe-se muito em gestão de água e resíduos sólidos, que chegam a 25,3% e 22,2% dos gastos, respectivamente, mas menos em emissões atmosféricas, energias renováveis e preservação ambiental. Se formos analisar onde o Brasil está bem abastecido, verifica-se que dispõe justamente de boas tecnologias em gestão de água, preservação ambiental e resíduos sólidos, estando muito menos suprido de tecnologia de energias renováveis, eficiência energética e crédito de carbonos.

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