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Um ano repleto de desafios para o setor

Reportagens | Reportagem Bracelpa | 01.04.2009




O fechamento do primeiro trimestre de 2009 confirmou os principais obstáculos a serem superados pelos produtores de celulose e papel diante da crise internacional: diminuição de demanda dos principais mercados de celulose, preços em queda, menor produção de papel e pouco crédito disponível no mercado. Apesar desse cenário, na visão da Bracelpa o momento não é de contar perdas, mas sim de buscar soluções que poderão ser úteis para o setor também no momento após a crise. “O ano vai ser dificílimo em qualquer circunstância, mas acreditamos na recuperação em 2010”, enfatiza Elizabeth de Carvalhaes, presidente executiva da Bracelpa.

Entre as iniciativas já tomadas pela entidade está em andamento a negociação com o governo federal de linhas de crédito para as operações de preembarque da celulose, apoio nos seguros de crédito para exportação e redução dos impostos dos investimentos. No momento, por exemplo, como o setor está sem nenhum crédito para seguro de exportação, os riscos de tais operações estão sendo 100% assumidos pelos fabricantes. Outro ponto a merecer destaque: as grandes empresas estão financiando as operações das pequenas e médias para garantir a manutenção de toda a cadeia produtiva do setor e o fornecimento de matéria-prima e de insumos. “Isso pode comprometer ainda mais o fluxo de caixa. Por essa razão, o apoio do governo deve abranger todas as empresas, independentemente do porte”, reforça Elizabeth.

A busca por soluções para as exportações esteve na pauta de uma audiência da Bracelpa com os ministros Guido Mantega, da Fazenda, e Miguel Jorge, do Desenvolvimento, além de Luciano Coutinho, presidente do BNDES, no mês de março. “O objetivo imediato é a manutenção das exportações de celulose nos níveis de 2008, ou seja, US$ 500 milhões mensais. Essa seria uma solução para o Brasil manter o quarto lugar entre os maiores produtores de celulose do mundo, posição conquistada no ano passado”, explica Elizabeth. Segundo dados da entidade, as empresas do setor exportaram, em 2008, US$ 5,8 bilhões, o equivalente a 17% do superávit da balança comercial brasileira. Ocorre que as linhas de crédito hoje disponíveis não abrangem commodities, mas o setor, de capital intensivo, necessita do apoio do governo até que os mercados internacionais voltem a comprar celulose em níveis registrados antes do início da crise.

O segmento de celulose no momento encontra-se em um momento de precaução, já que os principais mercados de destino – Estados Unidos, Europa e China – são os mais afetados pela crise mundial. Por isso, os estoques estão muito altos, e as compras, reprimidas. Por tratar-se de uma commodity, o preço da celulose caiu muito no mercado internacional, chegando a quase 50% dos patamares de 2008. Há, porém uma notícia: apesar da grande redução nas vendas, as empresas que previam a construção de fábricas não cancelaram seus investimentos; apenas os postergaram para um momento de mercado mais propício. Além disso, a fábrica de celulose da VCP em Três Lagoas (MS), com capacidade de produzir 1,3 milhão de toneladas de celulose, será inaugurada ainda neste primeiro semestre, ao lado da nova fábrica da International Paper, com capacidade para 200 mil toneladas anuais de papel para imprimir e escrever. “Mesmo na crise, esses investimentos serão concluídos, e as fábricas , inauguradas. Outros dois projetos previstos para este ano foram postergados, porém há expectativas de que até 2011 o setor tenha investido US$ 11 bilhões”, diz Elizabeth. De acordo com ela, o foco do setor consiste em fazer com que o Brasil seja o terceiro maior produtor mundial de celulose.

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