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A Convenção de Estocolmo

Artigos Técnicos | E a indústria da celulose e papel - Parte I | 01.04.2009




Autoras: Ewelin M.P.N. Canizares
                Cláudia Alcaraz Zini

Introdução:
Há quarenta anos (Mull 2007), Rachel Carson escreveu Primavera Silenciosa (Carson 1962), um livro revolucionário, alertando o mundo para os riscos do DDT (1,1,1-tricloro-2,2-di(p-clorofenil)etano) e outros compostos químicos sintéticos. Tais compostos, atualmente denominados de Poluentes Orgânicos Persistentes (POPs - Persistent Organic Pollutants) são comumente encontrados nos tecidos de seres humanos e de outras espécies (WWF 2004). Poluentes orgânicos persistentes compõem um grupo restrito de compostos químicos orgânicos que exibem propriedades como persistência, bioacumulação, toxicidade e transporte ambiental de longo alcance. Os POPs são solúveis em gorduras e acumulam-se nos organismos por serem resistentes à degradação ou porque sua metabolização é mais lenta do que seu processo de aquisição. Outra possibilidade é que os metabólitos desses compostos também apresentem toxicidade, lipofilicidade e resistência à degradação, como é o caso do DDE (1,1-dicloro-2,2-di(p-clorofenil)etileno), um dos metabólitos do DDT (Porta, Zumeta et al. 2003), entretanto, para a maioria dos POPs o processo de metabolização é muito lento. Como resultado dos diferentes processos de absorção e eliminação desses poluentes, diversos padrões de acumulação ocorrem nas variadas espécies, e essas dissimilaridades podem resultar em diferentes níveis de contaminação nos seres vivos presentes num dado ambiente.

As concentrações mais altas de POPs são encontradas nos animais que ocupam o topo da cadeia alimentar. Sendo assim, os seres humanos são fortes candidatos à bioacumulação, ficando expostos a problemas de saúde normalmente relacionados à presença desses compostos, como, por exemplo, danos neurológicos, câncer, desordens reprodutivas e supressão da imunidade. À vista do fato inequívoco de que cada ser humano é portador de uma mistura única de POPs em seus tecidos e sabendo-se que estes compostos apresentam atividade hormonal, a comunidade internacional elaborou um tratado que visa restringir ou eliminar a produção e o uso desses materiais tóxicos, de forma a eliminar sua presença de matrizes como sangue, gordura e leite humanos. A comunidade internacional respondeu à ameaça dos POPs através da negociação de um tratado global, a Convenção de Estocolmo sobre Poluentes Orgânicos Persistentes (Convention), que foi adotada em maio de 2001 e entrou em vigor em maio de 2004.

Ewelin M.P.N. Canizares, Cláudia Alcaraz Zini
A Convenção de Estocolmo e a indústria de celulose e papel – Parte I
The Stockholm Convention and the pulp and paper industry – Part I
O PAPEL vol. 70, num. 04, pp. 51-63 APR 2009
State Foundation for the Environment Protection (FEPAM) - Email: ewelinmpc@gmail.com
Chemical Institute, Federal University of Rio Grande do Sul (UFRGS) - Email: cazini@iq.ufrgs.br


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