OObjetivo de Desenvolvimento Sustentável 12 (ODS 12),
ONU, 2030, trata do comprometimento com a produção e o consumo responsáveis. Em outras palavras, fazer mais e melhor com menos. As iniciativas
de economia circular na indústria de celulose e papel têm muito
a contribuir para este objetivo, pois fazer mais e melhor com
menos também significa dar uma segunda, terceira ou quarta
vida aos seus resíduos.
Um aliado da economia circular é a energia limpa e renovável, comum na indústria de celulose e papel. A biomassa e
resíduos está ganhando cada vez mais adeptos, porque, além de
gerar eletricidade, calor ou biocombustíveis, também produz
materiais adequados para as indústrias alimentícia, farmacêutica, têxtil e outras.
É aqui que se destaca a importância do conceito de biorrefinaria que pode ser uma indústria da cadeia de valor da produção
de celulose e papel, sendo capaz de processar eficientemente
a biomassa, trazendo baixa pegada ambiental, uso de fontes
renováveis e matéria-prima não útil para outros usos e não concorrente à produção de alimentos.
Neste sentido, incorporam-se noções relacionadas aos limites da oferta dos recursos da natureza e a capacidade que o meio
ambiente tem para conseguir absorver os impactos causados
pelas ações realizadas pelo homem. Suhr et al. (2015), apresentaram documento de referência sobre as melhores tecnologias
disponíveis (MTD) para a produção de celulose e papel, em que
destacou-se que o desenvolvimento de uma biorrefinaria como
sendo uma das técnicas emergentes, anexas ou não a plantas
industriais de celulose e papel, traz vantagens tecnológicas, econômicas e sociais significativas.
Diferentes vias de biorrefinaria, utilizando biomassa como
matéria-prima, podem ser aplicadas na indústria de celulose e
papel pela integração de novas tecnologias, como licor negro,
gaseificação de biomassa, produção de lignina e hemicelulose,
unidades de processamento de síntese de produtos de alto valor agregado. As matérias-primas possíveis de biorrefinamento
incluem o resíduo de madeira, licor negro, biomassa florestal,
produtos agrolignocelulósicos, lamas e resíduos de estações
de tratamento de água e esgoto. Observe que, como uma planta
de celulose e papel, uma biorrefinaria também é de capital intensivo, e é por isso que apenas algumas operam hoje em um
escala comercial no mundo, com destaque na Europa.
A maioria das biorrefinarias está localizada nos países da
União Europeia e concentrada em apenas dez países, cabendo destacar a Suécia, Finlândia, Alemanha, França e Áustria
(CEPI, 2021)Grande parte das biorrefinarias na Europa baseia-se em
processos químicos de polpação denominadas pela CEPI como
Categoria 1 (ver Tabela). Estas biorrefinarias são principalmente
plantas de pasta química que produzem produtos de base biológica, junto com as fibras tradicionais para papel, cartão, tecido,
celulose solúvel etc. A biorrefinaria pode ter seu processamento
no local da planta (modelo integrado) ou como uma instalação
separada (modelo não integrado).
O segundo maior grupo são as biorrefinarias que utilizam principalmente fluxos secundários de fábricas de papel, cartão e tissue,
segundo a CEPI chamado de Categoria 2. Estas biorrefinarias
utilizam polpa virgem e/ou fibras recicladas para produzir produtos de base biológica em evolução. As plantas atuais produzem
principalmente papel, papelão e papel tissue como processos
integrados. Segundo a CEPI, alguns fluxos secundários dos processos de fabricação de papel são convertidos em novas aplicações
para a produção de produtos emergentes de base biológica, em
sistemas integrados ou não integrados de conversão.
Por fim, existem alguns tipos totalmente novos de biorrefinarias,
que se baseiam em métodos emergentes de separação de madeira,
sendo definidas como de Categoria 3 pela CEPI. Neste caso, utilizam
lignocelulose como matéria-prima para produzir vários produtos
de base biológica. Segundo a CEPI, a Categoria 3 é comparável às
plantas de celulose, usando produtos químicos, tratamentos/reações
termoquímicos, mecânicos e/ou físicos. As tecnologias de separação
empregam por exemplo: hidrólise, fermentação, tratamento enzimático, explosão de vapor etc.