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Especialistas discutem temática ambiental no ABTCP 2017

ABTCP 2017 | ABTCP 2017 - Sessão Técnica de Papel | 27.10.2017




No dia 24 de outubro no Hotel Unique, em São Paulo, a sessão técnica de meio ambiente do ABTCP 2017 – 50º Congresso e Exposição Internacional de Celulose e Papel tratou de questões importantes que estão no presente e futuro do setor com a ajuda de três grandes nomes no assunto: o gerente de segurança, meio ambiente e qualidade da CMPC Celulose, Clovis Zimmer, o gerente geral de meio ambiente industrial da Fibria, Umberto Cinque, e o gerente executivo de finanças corporativas da Suzano, Guilherme Hirata.

Para introduzir as discussões com a plateia no painel, Zimmer apresentou trabalho em que analisava pontos como matrizes de emissão de gases, a importância, dificuldades e necessidade de maior participação do setor em questões de selos e certificações, além dos custos ambientais inerentes às operações, como o custo econômico e ambiental da “necessidade” do alto grau de alvura em papéis como tissue. “Um pedaço de papel tissue deve durar cinco segundos do uso ao descarte, então será mesmo que precisa ser tão branco? Se nós como setor conscientizássemos a população e reduzíssemos a alvura, todos sairiam ganhando”, disse, usando como exemplo a redução de efluentes e custos resultante do corte da alvura para entre 70-80. Sobre as certificações e regulações que afetam a indústria, afirmou que “como setor, temos que estar atentos aos movimentos de mercado e participar do processo de construção dos critérios destas”.

Cinque tratou da ecoeficiência e do uso da água na indústria de celulose e papel, utilizando como case as unidades de Aracruz e Jacareí da empresa. Falando sobre o water footprint, destacando que “o que não é medido não é gerenciado”, o especialista também acabou tratando de outro ponto bastante abordado durante todo o Congresso, o da falta de comunicação do setor. “Até hoje persiste o mito de que eucalipto seca a terra, isso é inadmissível e um exemplo de como falhamos em nos comunicar à sociedade como setor”, disse ele. Cinque demonstrou ainda a meta de redução da captação específica de água na empresa, que deverá cair dos atuais 29,1 m³/tsa para 25,9 m³/tsa até 2025, enquanto a meta do consumo específico de água prevê a redução dos atuais 5,3 ³/tsa para 4,0 m³/tsa também até 2025, por meio de diversas ações.

Hirata, por sua vez, tratou das possíveis oportunidades e benefícios financeiros de iniciativas para melhorar os parâmetros ambientais das empresas do setor de celulose, como os green bonds (títulos verdes), que já permitiu a Suzano captar grandes montantes no mercado nacional e internacional. Ele chamou atenção, no entanto, para dois pontos: o mercado destes títulos ainda é pequeno em quantidade de investidores e montante de giro, se comparado ao mercado comum onde empresas deste porte operam, e que apesar do potencial do setor neste tipo de captação de recursos, se por um lado o mercado é pequeno, as linhas de crédito governamentais também são poucas. 

Na sequência, os três especialistas responderam a perguntas da plateia em um painel de discussão sobre a temática, como a questão proposta por esta Revista sobre os créditos de carbono. Para Hirata, tais créditos “só terão mais ‘movimento’ quando este tipo de mercado tiver mais liquidez”, fora regulamentação mais favorável à formação de um mercado real deste tipo de título. Umberto disse que “nas fábricas não vejo muito (potencial) para a geração deste tipo de crédito no futuro, já nas florestas a história é diferente e existe grande oportunidade”. 

Nota: Para mais detalhes sobre os temas debatidos nas Sessões Técnicas e Temáticas do ABTCP 2017 – 50º Congresso Internacional de Celulose e Papel, confira a edição especial da O Papel de novembro, com toda a cobertura do evento.

Renan Fagalde
Especial para O Papel